segunda-feira, agosto 18, 2008

O móvel através do tempo


A proposta da oficina de História do Mobiliário – Da Antigüidade ao Design Contemporâneo, em sua 12a. edição é de uma visita no tempo passando pela produção do mobiliário desde as mais antigas civilizações como a egípcia e mesopotâmica até a produção no século XX (foto acima: Marquesa em madeira com assento em palha natural – Oscar Niemeyer e Anna Maria Niemeyer - 1974). A oficina ocorre no Museu Julio de Castilhos de 06 de setembro a 01 de novembro de 2008 aos sábados das 10h às 12h ou às terças-feiras das 14h às 17h30min. O conteúdo será desenvolvido por Marjane de Andrade a partir de slides, textos de apoio, tabelas comparativas e uma visita técnica. O enfoque será as técnicas, os materiais empregados, os acabamentos e os tipos de ornamentações. O aluno ao final da oficina terá condições de identificar os estilos a partir dos seus elementos característicos.

Museu Julio de Castilhos
Rua Duque de Caxias, 1205 – Centro – Porto Alegre/RS
*Alteração nas datas do início da oficina
De 20 de setembro a 22 de novembro de 2008
Sábados das 10h às 12h
De 16 de setembro a 04 de novembro de 2008
Terças-feiras das 14h às 17h30min

O valor da inscrição é de R$ 100,00 ou duas parcelas de R$ 55,00.

Inf.: (51) 32213959 ou e-mail: marjanedeandrade@gmail.com

A 30 ª. edição do Salão do Móvel de Milão





Designers - De cima para baixo e da esquerda para a direita: Nubola de Gaetano Pesce. Vanity de Giovanna Azzarello. Scharpei de Massimiliano Adami. Aguapé dos irmãos Fernando e Humberto Campana. Abrigo do escritório de arquitetura holandês Mecanoo.

O Salão Internacional do Móvel que ocorreu entre 16 a 21 de abril deste ano, em Milão foi marcado por iniciativas que abrangeram o evento principal da feira, mostras e exposições paralelas que estiveram presentes por toda cidade. A edição deste ano foi marcada por referências ao passado e da tecnologia aliada a funcionalidade. A alta tecnologia estava lado a lado com móveis que passaram a incorporar linhas tortas, superfícies imperfeitas, e baixa tecnologia – low tech. A mescla de tradições e culturas também esteve presente na feira deste ano. A sustentabilidade, por sua vez foi um tema recorrente. As preocupações com o futuro do planeta apareceram no evento Greenenergy (energia verde) com instalações de grandes designers na Universitá Degli Studi di Milano.
A feira ofereceu além das novidades esperadas móveis que fazem uma referência direta a peças desenhas em décadas passadas. As empresas e mesmo os designers chegaram a conclusão que muita coisa boa já foi feita e, passaram a incorporar estas influências na sua produção. As formas, técnicas de estofaria, acabamentos e mesmo estampas não descartam um futuro tecnológico, porém com um visual romântico e descontraído. As formas exuberantes e o uso do capitonê estão presentes na poltrona Nubola que Gaetano Pesce assina para a Meritalia. A tecnologia, praticidade e funcionalidade aparecem em móveis fáceis de montar e transportar e, que assumem uma forma para o uso de duas ou mais pessoas. A geometria e o uso dos tubos de aço cromado acompanham esta vertente. O móvel pode incorporar parte de outro móvel como a penteadeira Vanity de Giovanna Azzarello para a Porada. O polipropileno e o policarbonato transparente e colorido estiveram presentes em móveis de alta tecnologia. As peças de baixa tecnologia, ou low tech conquistaram as grandes empresas como a Capellini que se renderam a esta influência. As propostas que remetem a liberdade e a ousadia vão ser utilizadas para aquecer os ambientes. A cadeira Scharpei do italiano Massimiliano Adami para a Capellini não deixa o tecido ficar esticado sobre a estrutura do móvel. As costuras produzem um efeito enrugado no revestimento que utiliza o gobelin. O nome da cadeira é uma homenagem à raça de cães orientais que apresentam dobras na pele.
A mescla de culturas decorrente da globalização foi positiva para o design de móveis possibilitando a criação de peças que misturam influências de várias partes do planeta. A Edra propôs uma viagem por diferentes culturas – da Pérsia a Mongólia. E essa viagem passa pelo Brasil com a poltrona Aguapé assinada pelos irmãos Fernando e Humberto Campana. O móvel faz uma referência à planta aquática brasileira e cada pétala é feita de couro, e recortada a laser e fixada na estrutura do móvel. Um dos eventos mais importantes foi o Greenenergy. Os painéis solares que acumulam energia ao longo do dia e à noite alimentam lâmpadas LED; o volume revestido de cerâmica – um abrigo que respira construído pelo escritório holandês de arquitetura Mecanoo e erguido para o evento junto às arcadas da Universitá Degli Studi di Milano. E a reedição de peças consagradas produzidas em madeira pela Artek, fundada pelo finlandês Alvar Alto em 1935 e precursora no emprego de madeiras com uso sustentável foram os destaques.

terça-feira, agosto 05, 2008

A casa do Bruxo do Cosme Velho

O Bruxo do Cosme Velho – cognome pelo qual era conhecido o escritor Machado de Assis. E aí vai uma explicação. A frase que passou a qualificá-lo diz respeito tanto ao fato do escritor queimar seus manuscritos rejeitados como também a arte desenvolvida por ele de enganar os leitores com a sofisticação do seu talento. Agora, 100 anos após a morte do escritor, o casarão da rua da Lapa atual 264, antigo número 96 foi comprovadamente morada de Machado de Assis e sua mulher Carolina – durante o ano de 1874, antes do casal mudar-se para o Cosme Velho. O imóvel foi incluído no Decreto Municipal do Corredor Cultural e será tombado como patrimônio histórico da cidade do Rio de Janeiro. O sobrado encontra-se pichado, depredado e uma fiação clandestina coloca em risco o prédio de estilo neoclássico. O prédio é considerado um patrimônio pela Secretaria Municipal do Patrimônio Histórico e neste sentido não pode mais sofrer alterações. Apesar de não haver data para a recuperação do imóvel, já existem propostas de ocupação como a da transformação do sobrado na Casa de Machado de Assis. A proposta de que o casarão seja um centro de democratização da literatura, uma biblioteca - símbolo, um centro de mediação de leitura também está sendo cogitada. O sobrado número 264 não tem campainha. É preciso bater palmas, gritar ou esperar que algum morador apareça. Hoje, se Machado de Assis fosse vivo nos receberia e falaria do seu mais novo romance que possivelmente trataria do Bairro da Lapa com suas kombis e vans que disputam o trânsito com ônibus e os carrinhos improvisados dos camelôs.

Foto: Gazeta Mercantil/Julho 2008