Oficinas culturais no Museu
O Museu Julio de Castilhos promove neste próximo semestre as novas edições das oficinas culturais. A oficina de Conservação em Madeira, atualmente na 8a. edição será realizada de 23 de outubro a 18 de dezembro de 2006 e tem como objetivo recuperar as características originais de móveis e objetos em madeira. As técnicas e materiais empregados visam devolver a beleza e a funcionalidade das peças. O conteúdo abordará os critérios de restauração, ferramentas; madeiras: tipos, características e problemas, remoção de tintas, reparos na madeira e tratamento de superfícies, como também a tonalização e os acabamentos com o uso de selador e cera. As aulas ocorrerão sempre às segundas-feiras e quartas-feiras das 19h às 22h30min num total de 55 horas/aula no que diz respeito ao módulo 1 - cujas inscrições estão abertas. A inscrição é de R$ 150,00 e três parcelas de R$ 140,00. Um desconto de 10% do valor da inscrição como também nas parcelas será dado aos estudantes mediante apresentação de comprovante de matrícula. A cadeira (foto acima) em madeira maciça com torneados no espaldar procedente da cidade de Tubarão, Santa Catarina foi restaurada na 2a. edição da oficina por Lilia Messias.
A oficina de História do Mobiliário – 9a. edição, por sua vez está com inscrições abertas para as novas turmas que ocorrem de 19 de outubro a 14 de dezembro de 2006 às quintas-feiras das 15h às 18h ou das 19h às 22h. O conteúdo tratará da evolução do móvel da Antigüidade ao Design Contemporâneo e dos estilos que se produziram neste período e será desenvolvido a partir de quadros ilustrativos, textos de apoio e uma visita técnica.
Os conteúdos de ambas as oficinas serão desenvolvidos pela professora de conservação, história e desenho do móvel Marjane de Andrade. As informações e inscrições no local – Rua Duque de Caxias, 1205 – Porto Alegre/RS – Fone: (51) 32213959 ou e-mail: marjanedeandrade@gmail.com
O mestre Tenreiro
Joaquim Tenreiro (1906 – 1992), português que chegou ao Rio de Janeiro, em 1928 é considerado o pai do mobiliário moderno no Brasil. E, se ainda fosse vivo completaria 100 anos. A leveza e as proporções confortáveis são as características marcantes do mobiliário produzido. Tenreiro impunha o seu padrão de exigência às peças, utilizando como matérias-primas os jacarandás e a palhinha.
Em 1942, o designer associa-se ao alemão Langenbach, e funda a Langenbach & Tenreiro, loja especializada em móveis modernos e de estilo. O período de 1942 a 1947 marcou uma fase de adaptação onde Tenreiro ficou responsável pela parte técnica e artística e o seu sócio encarregado das questões comerciais. A produção ficou segmentada entre os móveis de estilo, na linha dos móveis ingleses e os móveis modernos. A partir de 1947 a aceitação dos móveis modernos superou as expectativas, não sendo mais produzidos e comercializados os móveis de estilo. Na década de 50, Tenreiro inaugura uma filial na cidade de São Paulo, a partir do grande sucesso comercial alcançado. A cadeira de balanço (1959) produzida por Joaquim Tenreiro em jacarandá e palhinha era o seu cartão de visitas (foto acima).
Tenreiro, paralelamente a sua atividade como designer, mantinha uma produção como artista plástico. Pintor - foi um dos fundadores, em 1931 do Núcleo Bernardelli, tendo participado em 1965 da Bienal de São Paulo. As suas “esculpinturas” como ficaram conhecidas são relevos em madeira com encaixes invisíveis. Em 1968, quando Joaquim Tenreiro decidiu dedicar-se, exclusivamente às artes plásticas os seus móveis deixaram de ser produzidos.Hoje, as peças são disputadas por colecionadores, sendo cotadas em milhares de dólares.
Joaquim Tenreiro, em mais de trinta anos como designer de móveis conseguiu conciliar a arte e a técnica a serviço de uma produção que levou em conta a proporção e a leveza em soluções onde a qualidade e a sobriedade foram a sua marca registrada.
Texto: Marjane de Andrade