sábado, agosto 12, 2006

O mestre Tenreiro

Joaquim Tenreiro (1906 – 1992), português que chegou ao Rio de Janeiro, em 1928 é considerado o pai do mobiliário moderno no Brasil. E, se ainda fosse vivo completaria 100 anos. A leveza e as proporções confortáveis são as características marcantes do mobiliário produzido. Tenreiro impunha o seu padrão de exigência às peças, utilizando como matérias-primas os jacarandás e a palhinha.
Em 1942, o designer associa-se ao alemão Langenbach, e funda a Langenbach & Tenreiro, loja especializada em móveis modernos e de estilo. O período de 1942 a 1947 marcou uma fase de adaptação onde Tenreiro ficou responsável pela parte técnica e artística e o seu sócio encarregado das questões comerciais. A produção ficou segmentada entre os móveis de estilo, na linha dos móveis ingleses e os móveis modernos. A partir de 1947 a aceitação dos móveis modernos superou as expectativas, não sendo mais produzidos e comercializados os móveis de estilo. Na década de 50, Tenreiro inaugura uma filial na cidade de São Paulo, a partir do grande sucesso comercial alcançado. A cadeira de balanço (1959) produzida por Joaquim Tenreiro em jacarandá e palhinha era o seu cartão de visitas (foto acima).
Tenreiro, paralelamente a sua atividade como designer, mantinha uma produção como artista plástico. Pintor - foi um dos fundadores, em 1931 do Núcleo Bernardelli, tendo participado em 1965 da Bienal de São Paulo. As suas “esculpinturas” como ficaram conhecidas são relevos em madeira com encaixes invisíveis. Em 1968, quando Joaquim Tenreiro decidiu dedicar-se, exclusivamente às artes plásticas os seus móveis deixaram de ser produzidos.Hoje, as peças são disputadas por colecionadores, sendo cotadas em milhares de dólares.
Joaquim Tenreiro, em mais de trinta anos como designer de móveis conseguiu conciliar a arte e a técnica a serviço de uma produção que levou em conta a proporção e a leveza em soluções onde a qualidade e a sobriedade foram a sua marca registrada.

Texto: Marjane de Andrade