Artefatos Culturais em Madeira e sua Conservação Preventiva
Artefatos
Culturais em Madeira
e sua
Conservação Preventiva*
Marjane de
Andrade
Introdução
A ideia da preservação voltada a
conservação de bens culturais tem um longo passado, apesar de que existe sobre
este tema um interesse recente que podemos situar nos séculos XIX e XX. O
século XX trouxe novas questões que estão vinculadas mais ao esforço voltado a
uma Conservação Preventiva do que, anteriormente ao que podemos chamar de uma
Restauração Integradora.
John Ruskin (1819 – 1900) foi um
dos precursores da conservação preventiva quando escreveu o que sem dúvida é um
dos critérios básicos e que passaram a definir a sua conduta:
“ Cuida de
nossos monumentos e não será necessário restaurá-los.”
Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc
(1814 – 1879), por sua vez está mais
vinculado a Restauração Integradora. A
restauração, neste sentido procurava restituir todas as partes do monumento que
faltavam, resgatando as características de quando foi construído.
Artefatos
Culturais em Madeira
Objetos tridimensionais que
possuem um valor cultural, social e histórico em função dos seguintes aspectos:
* contexto cultural;
* vinculação a uma personalidade
ilustre e de reconhecida importância na sociedade
da época seja um governante, um
escritor ou um artista;
Ex: Quarto de Julio de Castilhos**
cuja produção está inserida em determinado
contexto cultural e está
vinculado a uma personalidade histórica.
Neste caso nós podemos dizer que
contamos a “História dos Objetos”.
* artefatos de uso cotidiano que
podem pelas suas características materiais,tecnologia, ornamentos e uso representar os
hábitos e costumes de uma época, país ou lugar.
Ex: Objetos/artefatos de uso cotidiano
como mesas, cadeiras,oratórios do período colonial brasileiro que podem a
partir de suas características contar a “História nos Objetos”.
* Bens Integrados: Elementos de
uma edificação: portas, janelas,detalhes de rodaforro, forros e revestimentos de
paredes, telhados etc.
Coleções de Acervos de Mobiliário
Museu
Metropolitano de Nova Iorque - USA
Museu do Louvre - França
Museu D'Orsay - França
Museu da
Casa Brasileira - Brasil
Características
Heterogeneidade
de materiais que fazem parte da produção de artefatos humanos.
E, que
estão inseridos em um determinado contexto histórico, formando o patrimônio cultural de um país ou lugar.
Madeira e
condições de Degradação
Agentes Externos:
Temperatura e umidade
Os dois aspectos estão
relacionados e estão diretamente vinculados a degradação dos artefatos em madeira.
Temperatura - Provoca
reações físico-químicas.
No caso da madeira é menos evidente,
mas ocorrem em todos os materiais orgânicos e nos metais. Porém, quando ocorre
a exposição direta a luz do sol ou mesmo a luz incandescente podem ocorrer alterações
significativas se levarmos em conta o tempo de exposição.
São elas:
* manchas;
* craquelados;
*
fissuras.
Umidade – Proliferação
de fungos e bactérias em uma velocidade mais rápida. A umidade relativa do ar acima de 65% aumenta o risco de degradação biológica.
Infestação
Os insetos precisam
de aquecimento no ambiente para ativar o
seu metabolismo, assim se reproduzem rapidamente
em temperaturas acima de 25° e, muito lentamente de 15 a 20°. E,
em geral abaixo de 10° eles não se proliferam. Os insetos são mais resistentes ou menos resistentes. O importante é que eles são ativos em qualquer umidade relativa. É necessário, portanto reduzir a temperatura para que possa ser reduzida a proliferação.
Cupins e
Brocas
Na madeira seca o cupim se instala no seu interior. E, nos casos mais graves existe a necessidade de desinfestação. O uso de descupinizante ou mesmo a descupinização anóxica são os recursos mais utilizados.
Brocas
As brocas podem atacar todo o tipo de
objeto de madeira ao papel, abrindo “avenidas” no interior dos móveis e livros.A indicação de que a madeira ou artefato
está infestado é o aparecimento de grandes quantidades de pó de madeira junto
ao objeto.
Fungos
A proliferação se dá a partir de um substrato. A água não precisa estar depositada no substrato. Ela pode ter sido absorvida pelo mesmo. Quanto mais água absorvida
no substrato, maior a proliferação de fungos. Os fungos se proliferam
produzindo as enzimas que geram os ácidos orgânicos que danificam e provocam a
degradação dos artefatos.
Se
temos um ambiente onde já houve a proliferação de fungos, muitos dos esporos
se
soltaram e ficaram espalhados pelo ambiente,havendo risco maior de
proliferação.
Cuidados -
- Materias e limpeza: Escolha de materiais de
fácil manutenção e limpeza. Superfícies
lisas, impermeáveis e integras e que sejam fáceis de limpar
reduzem o número de
esporos e a probabilidade de infestação;
- Quanto mais alta a temperatura mais
facilmente os fungos se desenvolvem;
- Umidade relativa do ar abaixo de 60 a 65° não
há risco de proliferação;
- Tempo/período: A umidade elevada pode se
manter por algum tempo. A proliferação não é imediata. A umidade não pode, no
entanto se manter por um longo tempo, caso contrário entra-se no risco da proliferação
de fungos.
Recursos para
o controle da umidade
- Sistema acoplado do ar condicionado de parede
ou split. Ele tem
uma resistência
aquecedora e um sistema de controle que liga e desliga quando necessário.
O sistema tem funcionado bem e já está sendo instalado em algumas instituições;
- Desumidificador de ar;
- Ar condicionado central.É uma solução cara e
requer a adequação dos espaços onde for instalado. Projeto detalhado de ar condicionado.
** Acervo Museu Julio de Castilhos – PortoAlegre/RS.
* Palestra realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na disciplina de Prática de Restauração em 11 de junho de 2015. Porto Alegre/RS.
Imagem - Acervo Mobiliário Art Nouveau - Museu D'Orsay/França.
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