terça-feira, fevereiro 28, 2012

A Semana de Arte Moderna de 1922









Um grupo de jovens artistas, poetas, intelectuais e jornalistas, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922 fez muito barulho nos salões do Teatro Municipal, na cidade de São Paulo. Uma exposição foi realizada, com cerca de cem obras, onde também aconteceram três noitadas literárias e musicais. Os artistas chocaram o público que era formado pela burguesia conservadora paulista, sendo vaiados na segunda noite de apresentação. Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego e Victor Brecheret eram os artistas plásticos. O grupo de escritores era formado por Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Ronaldo de Carvalho e Manuel Bandeira. Villa-Lobos e Guiomar Novaes se ocuparam da programação musical.






As obras apresentadas pelos artistas não tinham características semelhantes. Porém, elas eram na sua totalidade uma rejeição ao espírito conservador que pautava a produção visual, literária e musical da época. A liberdade de expressão e o fim das regras acadêmicas na arte era o objetivo do evento. Os debates públicos que provocaram reações as mais diversas e os desdobramentos, que passaram a influenciar a produção artística, a partir de então foram os aspectos mais importantes da Semana de 22.






Clame a saparia

Em críticas céticas:

"Não há mais poesia,

Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:

- "Meu pai foi rei" - "Foi!

-"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"




"Os sapos" poema de Manuel Bandeira, escrito em 1918 e lido por Ronald de Carvalho, na segunda sessão literária da Semana de 22.






O Primeiro Documento Modernista




O primeiro documento do Movimento Modernista é considerado o diário coletivo - O perfeito cozinheiro das almas deste mundo. O diário foi escrito por Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, entre outros, nos anos que antecederam a Semana de Arte Moderna de 1922. A importância do diário está no fato dos jovens escritores quebrarem a fronteira entre a vida e a arte ao misturarem cenas do cotidiano, narrativas e diálogos com texto cifrado, desenhos e colagens.






A Semana que Não Terminou


O autor Marco Augusto Gonçalves que é editor e repórter da Folha de São Paulo lançou o livro 1922 - Histórias e Bastidores da Semana de 22 (Companhia das Letras), investigando a origem do movimento, tentando recuperar momentos chaves e traçando um pefil dos seus protagonistas. O livro se caracteriza pela riqueza de detalhes e uma vasta pesquisa iconográfica.A pesquisa cobriu um período da virada do século a 1923 e, mostra que o modernismo no Brasil começou antes de 1922. Um fato importante é o de que, na Semana de 22 pela primeira vez a platéia paulista teve a oportunidade de ouvir uma música de Villa-Lobos. E, algumas contradições aparecem como a presença da pianista Guiomar Novaes, que não tinha relação com os modernistas e, no entanto paticipou da mesma programação musical.




A abordagem jornalística do livro reúne informações de bastidores em uma narrativa interessante, onde o que é tratado faz com que o livro não seja uma proposta de novas descobertas, embora elas existam; mas sim de contar boas histórias.






Texto Marjane de Andrade


Imagem Capa do Catálogo da Exposição da Semana de Arte Moderna, desenhada


por Di Cavalcanti






1922 - História e Bastidores da Semana de 22

Autor: Marco Augusto Gonçalves

Companhia da Letras, 368 páginas, R$ 49,00